Nada está isento de controvérsia
Comentário ao artigo The mindfulness conspiracy adaptado de McMindfulness: How Mindfulness Became the New Capitalist Spirituality de Ronald Purser, publicado por Repeater Books a 9 Julho 2019
(Ver o artigo completo original aqui).
Nada está isento de controvérsia. Assim é a humanidade.
Poderíamos dizer que esta é uma parte essencial de uma visão consciente: colocar-se numa certa quietude, permitindo assim que tudo possa emergir, bom, mau ou neutro, concordemos ou não, parcial ou totalmente. E sim, há certamente uma tendência para comercializar o conceito de Mindfulness, e podemos ver um padrão repetido de consumismo sobre esse processo. Então, não sejamos indiferentes, pois isso também é parte da visão consciente! Mas se prestarmos real atenção ao que é a essência da consciência, veremos – dado um certo tempo e compromisso – que estar consciente não significa ser passivo, ou ser capturado numa espécie de preceito religioso ou mesmo preso num reino de misticismo. É muito mais uma forma de refinar intenções, percebendo certos padrões enraizados na cultura e educação, traumas, etc, o que dá uma melhor compreensão da humanidade comum e, portanto, uma melhor maneira de se conectar compassivamente com a comunidade, o que, em última análise, pode reforçar a vontade de participar activamente em empreendimentos sociais, culturais e políticos.
Pelo menos, essa é a experiência pessoal que registo ao longo desta minha jornada pessoal e comunitária através da mindfulness.
A par dos exemplos referidos no artigo, pode ser útil pesquisar o trabalho de pessoas como Thich Nhat Hanh e o seu budismo engajado, ou Joanna Macy, profundamente investida num ativismo consciente, ou o exemplo de um número crescente de professores de Dharma cada vez mais publica e socialmente envolvidos em questões de género, raça, saúde pública, alterações climáticas, em diferentes tipos de enquadramentos, quer isso se revele em comunidades mais restritas, ensinamentos, ou expressos em movimentos maiores, p.ex. o movimento Extinction Rebellion.
Faz algum sentido?