Ano Novo ou como mudo o calendário.
À medida que os anos passam, as mudanças de ano vão sendo encaradas por aquilo que são: uma mera passagem de calendário!
Não quero com isto minimizar o efeito que a mudança de ano civil tem invariavelmente em todos nós (mais para uns do que para outros), quero apenas dizer que pessoalmente começo a sentir esta mudança com a mesma (in)tranquilidade com que sinto cada início de dia, cada final de dia, cada momento, independentemente de ser em Janeiro ou em Dezembro. Reparo que, mais do que a mudança do ano, importa-me e influi no meu ser a mudança permanente de cada instante, cada respiração,
E as mudanças de estação com a enorme panóplia de sensações e emoções que consigo trazem. Independentemente do dia e do mês em que ocorrem. Até porque com as inegáveis alterações climáticas, tal divisão tende a ser cada vez mais incerta. Um bom exercício para praticar a aceitação da impermanência; a inevitável mutabilidade de tudo o que vive.
Dito isto, não me redimo a fazer um pequeno balanço destes dias que representaram o ano que passou, apenas para realçar aquilo que para mim foi mais importante durante esse longo período de dias, horas, minutos, … : as pessoas! Todas as que conheci, as que apenas cruzei, nem que só por um relance de olhar, as que me influenciaram e me trouxeram paz e alegria, aquelas que despoletaram em mim as irreprimíveis reatividades e me trouxeram desconforto, as que influenciei de alguma forma, consciente ou não, as que me influenciaram, quer o saibam ou não, todas aquelas a quem recorri para ser ouvido, amparado ou aconselhado e que me prestaram a sua melhor atenção e paciência (nem sempre tarefa fácil para com alguém que, como eu, fala muito…), todas aquelas a quem, de alguma forma, prestei o melhor apoio que soube, ouvindo, acolhendo ou simplesmente estando presente, e a todas aquelas a quem, por razões diversas olvidei, deixando de estar tão presente ou disponível mas a quem sempre prestarei a memória do papel fundamental que no meu percurso tiveram. Porque é disso que se trata: todos influenciamos a vida de todos. Quer seja de uma forma mais positiva ou menos positiva. A evolução da espécie faz-se pela comunidade gregária que somos. E quanto mais conscientes estivermos disto, mais facilmente poderemos contribuir para a reformulação do calendário que representa a inevitável rampa descendente que a vida de cada um é na sua essência. Tornando-a mais bela na sua plenitude. Vivendo de copo cheio; morrendo mais livre.
A todos, uma excelente construção de calendário para este novo ano! E a todos, obrigado!